" Um português e a sua família polaca afirmam o "made in Portugal"neste país do Báltico. SmakiPortugalii é ainda um pequeno negócio, mas está a crescer de forma sustentada. Um exemplo de empreendedorismo.
Gonçalo Franco, 37 anos, lisboeta de gema, e Marzena Gregier, 31, polaca de Varsóvia, conheceram-se na Internet e casaram. Depois de oito meses a viverem em Jerusalém, por imperativo da especialização dela em Antropologia Cultural , instalaram-se em Varsóvia, no ano de 2005.
Nesta cidade, capital da Polónia, lançaram uma empresa de importação de produtos portugueses, que distribuem em lojas e supermercados por todo o país. Entre as marcas que representam contam-se a Ramirez, Oliveira da Serra, Nicola, Sumol, BonAppetit (Bom Petisco) e Diatosta.
SmakiPortugalii é um negócio pequeno ainda, familiar, mas tem vindo a crescer de forma sustentada, à medida que dá a conhecer o que de melhor se faz em Portugal e posicionando bem alto as nossas marcas num país cuja população ronda os 40 milhões. Um exemplo de empreendedorismo.
A sua empresa familiar é você e mais quem?
A minha mulher, Marzena Gregier Franco, eu, o meu sogro Zbigniew e o tio da minha mulher, Michal, que faleceu, infelizmente, no início deste ano e que tinha um papel importante na empresa. Também temos alguma ajuda da minha sogra e do meu cunhado. No exterior, colaboram connosco, de forma muito próxima, a jovem Monika Pawlowska, na promoção dos produtos, e o Sr. Leszek Domaradzki, na distribuição local. No entanto, para a distribuição fora de Varsóvia usamos uma transportadora em outsourcing.
Com que marca começaram?
Começámos com Bon Appetit (o Bom Petisco para exportação). Atualmente, aquilo que mais vendemos são produtos Ramirez. Depois, já num patamar mais abaixo, Sumol e Guaraná Antarctica, que, como sabe, é produzido para a Europa exclusivamente pela Sumol+Compal.
Quantas marcas têm agora?
Neste momento, temos nove marcas constantes: Ramirez, Oliveira da Serra, Sumol, Guaraná Antarctica, Diatosta, Bon Appetit, Probar, Primefoods e café Nicola. No entanto, esporadicamente trabalhamos, também, Mestre Cacau, Boa Boca e Frulact. Pensamos vir a trabalhar com a conserveira do sul (Manná), com a Flor de Sal Salmarim, de Castro Marim, e com a marca Compal da Sumol+ Compal.
Qual foi a última marca que lançaram?
Não foi um lançamento, porque foi uma encomenda específica, grande, para um só cliente que queria doces. As marcas foram, precisamente, Frulact, Mestre Cacau e Boa Boca.
Como e onde apresentam os produtos?
Diretamente aos clientes, embora frequentemente façamos degustações em lojas e apoiemos eventos culturais com as nossas marcas, de forma a promovermos tudo o que temos. De vez em quando, organizamos loja por um dia e queremos tornar isso mais frequente. Mandamos convites, divulgamos o mais possível e, nesse dia, vendemos os produtos em determinado local a melhores preços. O resultado é duplamente positivo: aparecem pessoas que são fãs das marcas e curiosos que se deixam seduzir. Também enviamos produtos e press release a jornalistas que publicam em jornais, revistas e páginas na Internet.
Ter loja própria é um objetivo?
Pensamos seriamente nisso. Tentamos ir passo a passo, porque somos pequenos e não queremos dar os passos errados. Num futuro próximo, planeamos abrir uma loja on-line.
Contam com algum tipo de apoios?
Não temos qualquer tipo de apoio a não ser, esporadicamente, das marcas que, nesta altura de crise, fazem o que podem, mas que não podem muito.
Qual está a ser a recetividade dos polacos aos produtos portugueses?
Os polacos desconhecem Portugal enquanto fabricante de produtos de qualidade. É difícil explicar-lhes que podem ter a melhor qualidade a um preço interessante quando há a ideia de que o que é italiano é que é bom. Mas a maioria dos que provam os nossos produtos fica muito surpreendida e torna-se leal às nossas marcas. Temos uma fã no Facebook, por exemplo, que diz que não vive sem Sumol. Outra que diz que bebe hectolitros de café Nicola! Temos um outro fã que diz comer duas latas de sardinha Ramirez por dia e tivemos um cliente que nos comprou, diretamente, 600 latas de sardinha.
Do vosso portefólio, qual é o produto mais bem sucedido?
Aquilo que mais vendemos de longe são as sardinhas Ramirez. Os polacos nunca viram nem provaram sardinhas como as nossas. Quem compra, nunca mais pára de comprar. O slogan da nossa empresa é precisamente "percebes quando provares".
Está nos vossos propósitos alargar o leque dos produtos que comercializam?
Sim, claro. Mas queremos vender o que os polacos procuram, e não o que os portugueses acham que os polacos querem comprar.
Que outros produtos poderão interessar-vos?
Flor de Sal, conservas ainda mais gourmet, Compal, cujo processo já começámos, e em breve esperamos ter cá a marca.
Quanto custa, por exemplo, uma garrafa de azeite Oliveira da Serra na Polónia?
Pode custar entre 25 e 35 zloty (entre 6,5 e 8,5 euros), depende das lojas e da variedade. Temos tudo, do Oliveira da Serra mais comum ao gourmet, passando pelo BIO, além das azeitonas e dos vinagres.
Quais são os vossos objetivos a médio, longo prazo em termos de desenvolvimento do negócio?
Queremos crescer. Há dois anos tivemos uma queda de 5%, mas o ano passado (2011) já vendemos mais 7%. Queremos crescer todos os anos, simplesmente, se possível mais ainda.
Como é um dia de trabalho a promover e comercializar produtos portugueses?
Nenhum dia é igual ao outro. Basicamente, um dia normal de trabalho é feito de visitas a clientes, reposição de stock, visitas a clientes potenciais, contactos com as fábricas para encomendar e resolver várias questões, pesquisa de produtos, atividade constante na Internet, resolução de questões técnicas menos interessantes, há muitos detalhes a controlar, na logística, distribuição, promoção, etc... Tudo repartido, sobretudo, entre mim e a minha mulher, que é quem mais trabalha de nós todos.
UMA PALAVRA... SAUDADE
"Sinto muita saudade de Portugal", sublinha Gonçalo, que levou para a Polónia tudo o que podia, incluindo a televisão por satélite, mas com todos os canais, como cá, e fala constantemente em português por telefone, tal como ouve música portuguesa quase sempre... Enfim, "estou em constante contacto", diz. Por outro lado, confessa: "Faz-me muita falta estar simplesmente nas ruas de Lisboa, sentir o cheiro e respirar o ar... gosto de andar pela Baixa, pela Bica, pelo Bairro Alto, por Alfama, ir às lojas tradicionais, entrar em todo o lado. Conheço verdadeiras relíquias... vivo a minha cidade a 100%. Passeio muito por Portugal, todos os anos experimento lugares novos". Gonçalo vem a Portugal uma ou duas vezes por ano e passa pelo menos, no total, um ou dois meses por ano cá... a matar saudades.
CONTACTOS www.smakiportugalii.pl www.facebook.com/SmakiPortugalii www.gregier.com.pl
P.P.H. Gregiers.c. Tel. +48 600 00 40 33 F ax +48 22 673 4607 ul. Roty, 18 04-447 Warszawa "
Fonte: www.oje.pt
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